Cientistas podem estar totalmente errados sobre a extinção dos
dinossauros
Esta ideia não é nova, mas um
estudo publicado no Proceedings of the National Academies of
Sciences oferece a evidência mais forte de que a extinção dos dinossauros
foi menos como uma árvore saudável sendo derrubada por uma serra elétrica, e
mais como uma árvore doente caindo após uma rajada de vento.
Eis uma ideia diferente: não
foram apenas os eventos cataclísmicos que acabaram com os dinossauros - isto
foi o último prego no caixão. A linhagem já estava se enfraquecendo por milhões
de anos.
Esta ideia não é nova, mas um
estudo publicado no Proceedings of the National Academies of
Sciences oferece a evidência mais forte de que a extinção dos dinossauros
foi menos como uma árvore saudável sendo derrubada por uma serra elétrica, e
mais como uma árvore doente caindo após uma rajada de vento.
Menos espécies
A maioria das pessoas já ouviu
falar do impacto de um asteroide gigante, e a possibilidade de que vulcões
desempenharam um papel também é bem conhecida. Mas uma vertente complementar
sustenta que nenhum destes dois eventos nos dá a história completa.
Em vez disso, alguns
pesquisadores dizem que a linhagem de dinossauros foi podada lentamente por
milhões de anos antes da extinção do Cretáceo-Paleógeno. Até agora, esta ideia
recebeu um apoio científico limitado.
“Estudos anteriores foram
bastante simples”, diz Manabu Sakamoto, paleontólogo da Universidade de Reading
e autor principal do novo estudo, ao Gizmodo. “Eles contaram o número de
espécies [de dinossauro] em cada era ou intervalo de tempo para ver quais prosperaram
ou sumiram, e em quais momentos. Para ser honesto, esta não é uma abordagem
muito estatística.”
Sakamoto e seus colegas usaram um
procedimento mais rigoroso, que mede o número de vezes que novas espécies de
dinossauros surgiram (os chamados “eventos de especiação”) ao longo da história
geológica.
Durante o Triássico e Jurássico,
a diversidade de dinossauros esteve em ascensão, mas no início do Cretáceo, a
especiação começou a parar. Em meados do Cretáceo, a taxa de evolução dos
dinossauros sofreu uma queda acentuada. Ela continuaria a cair durante milhões
de anos antes do impacto em Chixculub.
“Novas espécies não estavam sendo
produzidas tão rapidamente quanto espécies foram extintas”, explica Sakamoto.
“Isso tornou os dinossauros vulneráveis a mudanças ambientais drásticas –
especialmente a algo como um apocalipse.”
Uma teoria alternativa
Uma teoria alternativa “Ao longo
dos anos 80 e 90, havia alegações de que os dinossauros viveram felizes até o
impacto e então foram aniquilados – acho que este estudo acaba com essa noção”,
diz Gerta Keller, paleontóloga da Universidade de Princeton, que não esteve
envolvida no estudo, ao Gizmodo.
O debate sobre o que terminou o
reinado dos maiores répteis na história da Terra vem sendo travado por décadas,
desde a descoberta da cratera de Chicxulub na península mexicana de Yucatán em
1980. A cratera, que data exatamente da mesma época que o desaparecimento dos
dinossauros no registro fóssil, foi tida por alguns como evidência clara de que
um impacto gigante desencadeou a extinção do Cretáceo-Paleógeno há 66 milhões
de anos.
Mas outros paleontólogos,
incluindo Keller, discordam. Na mesma época em que a cratera de Chicxulub foi
descoberta, outras escavações trouxeram evidências de atividade vulcânica
generalizada há 66 milhões de anos, em uma série de formações geológicas
conhecidas como as armadilhas de Deccan.
“O impacto foi um problema
isolado, enquanto que o vulcanismo aconteceu por mais de 250.000 anos”, diz
Keller. “Durante aquela época, os dinossauros desapareceram rápido.”
Motivos para a lenta extinção
O estudo de Sakamoto não
aprofunda as razões por trás da lenta decadência dos dinossauros, mas ele
menciona os muitos fatores que podem ter contribuído.
“As coisas que podemos modelar
são bastante limitadas, mas podemos dizer que, durante o tempo em que
observamos o processo de desaceleração se tornar um declínio real, o mundo
estava passando por algumas mudanças bastante drásticas.” Estas mudanças
incluem atividade vulcânica prolongada, a dissolução do supercontinente
Pangeia, e um grande episódio de resfriamento global.
“Os pesquisadores poderiam ter um
argumento realmente forte relacionado ao clima”, diz Keller. “No fim, quando o
forte declínio acontece, é quando o clima começa a esfriar de forma terminal. E
é aí que o desaparecimento acontece muito rápido.”
Talvez a humanidade nunca
descubra a história completa por trás do colapso dos dinossauros – grande parte
das evidências se perdeu com o tempo. Mas, quanto mais refinamos nossas
ferramentas para perscrutar o passado, mais óbvio se torna que esses animais
impressionantes não foram mortos de uma única vez.
Foram diversos fatores, indo
desde a mudança ambiental a erupções maciças e culminando no asteroide. E essa
trajetória é perturbadoramente relevante quando se considera o rumo atual do
nosso planeta.
“Vivemos em um mundo onde nos
deparamos com níveis sem precedentes de extinção quase diariamente”, diz
Sakamoto. “Observando o exemplo dos dinossauros, isso pode significar que
estamos deixando nosso mundo vulnerável a uma extinção em massa, dado algum
tipo de evento catastrófico. Ao inferir eventos que aconteceram no passado,
podemos dizer algo sobre nosso próprio futuro.”
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