Fiocruz desenvolve teste para Zika mais barato e rápido
expectativa é que
o kit seja disponibilizado até o fim do ano
Publicado em 14/04/2019 - 13:17
Por Isabela
Vieira - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
Exames
para identificar infecção pelo vírus da Zika em breve vão poder ser feitos em
20 minutos. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Pernambuco,
desenvolveram um método simples e 40 vezes mais barato que o tradicional. A
expectativa é que chegue aos postos de saúde antes do final do ano,
beneficiando, principalmente, os municípios afastados dos grandes centros, onde
o resultado do teste de Zika pode demorar até 15 dias. As informações são de um
dos criadores da técnica, o pesquisador da unidade Jefferson Ribeiro.
“Tendo em
vista que a técnica atual (PCR) é extremamente cara e o Brasil tem poucos
laboratórios de referência que podem realizar o diagnóstico de Zika – até um
tempo atrás eram apenas cinco, inclusive a Fiocruz de Pernambuco -, uma cidade
pequena, no interior do estado, acaba prejudicada. A amostra precisa sair do
interior, ir para a capital, para ser processada, enfim, se pensarmos nesses
municípios, o resultado pode demorar 15 dias”, destaca Ribeiro.
Outra
vantagem do novo teste é que pode ser feito por qualquer pessoa nos postos de
saúde, não exige treinamento complexo. Com um kit rápido, basta coletar
amostras de saliva ou urina, misturar com reagentes fornecidos em um pequeno
tubo plástico e depois aquecer em banho maria. Vinte minutos depois, se a cor
da mistura se tornar amarela, está confirmado o diagnóstico de Zika, se ficar
laranja, o resultado é negativo. Hoje, o teste PCR (reação em dá polimerase),
com reagentes importados, é feito com material genético retirado das amostras,
o que demora mais. O teste elaborado pela Fiocruz Pernambuco é também mais
preciso, ou seja, tem uma taxa de erro menor, acusando a doença mesmo em casos
que não foram detectados pela PCR.
A
expectativa dos pesquisadores é que o kit seja desenvolvimento pela indústria
nacional, com a participação da Bio-manguinhos, e disponibilizado até o fim do
ano. Testes semelhantes já são usados para o vírus da dengue e outras
bactérias. “Essa é a nossa pretensão, para facilitar a disponibilidade para o
Sistema Único de Saúde”, disse Ribeiro.
Zika
O número
de casos de Zika, que pode causar microcefalia em bebês, vem diminuindo nos
últimos anos. No entanto, o país ainda teve 8.680 diagnósticos em 2018 (em 2017
foram 17.593), com maior incidência no Norte e Centro-Oeste. A doença está
relacionada à falta de urbanização e de saneamento básico e costuma aumentar
nas estações chuvosas.
A Zika é
transmitida principalmente por picadas de mosquito, mas também durante a
relação sexual desprotegida e de mãe para filho, na gestação. Provoca
complicações neurológicas como a microcefalia e a Síndrome de Guillain Barré.
Começa com manchas vermelhas pelo corpo, olho vermelho, febre baixa e dores
pelos corpos e nas juntas, geralmente, sem complicações.
O novo
teste para a Zika foi desenvolvido no mestrado em Biociências e Biotecnologia
em Saúde, com orientação do professor Lindomar Pena. Em breve, será publicado
em detalhes em revista científica. Anteriormente, os pesquisadores publicaram
artigo com os resultados dos testes para amostras de mosquitos infectados e não
de secreções humanas.
Saiba mais
Edição: Fernando Fraga
Tags: VÍRUS DA ZICAZICAFIOCRUZ
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