A preocupação com o
meio ambiente levou os países da Organização das Nações Unidas a assinarem um
acordo que estipulasse controle sobre as intervenções humanas no clima.
Assim o mercado de
créditos de carbono nasceu em dezembro de 1997 com a assinatura do Protocolo de
Kyoto Desta forma, o Protocolo de Quioto determina que seus signatários países
desenvolvidos (chamados também de países do Anexo I), reduzam suas emissões de
gases de efeito estufa em 5,2%, em média, relativas ao ano de 1990, entre 2008
e 2012. Para tanto, existem algumas alternativas para auxiliá-los ao
cumprimento de suas metas, chamadas de mecanismos de flexibilização. Esse
período é também conhecido como primeiro período de compromisso. Para não
comprometer as economias desses países, o protocolo estabeleceu que, caso seja
impossível atingir as metas estabelecidas por meio da redução das emissões dos
gases, os países poderão comprar créditos de outras nações que possuam projetos
de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
O Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL) nasceu de uma proposta brasileira à Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC). Trata-se do comércio
de créditos de carbono baseado em projetos de sequestro ou mitigação. O MDL é
um instrumento de flexibilização que permite a participação no mercado dos
países em desenvolvimento, ou nações sem compromissos de redução, como o
Brasil. Os países que não conseguirem atingir suas metas terão liberdade para
investir em projetos MDL de países em desenvolvimento. Através dele,
países desenvolvidos comprariam créditos de carbono, em tonelada de CO2
equivalente, de países em desenvolvimento responsáveis por tais projetos.
Há uma série de
critérios para reconhecimento desses projetos, como estarem alinhados às
premissas de desenvolvimento sustentável do país hospedeiro, definidos por uma
Autoridade Nacional Designada (AND). No caso do Brasil, tal autoridade é a
Comissão Interministerial de Mudança do Clima. Somente após a aprovação pela
Comissão, é que o projeto pode ser submetido à ONU para avaliação e registro.
A negociação de
contratos futuros de crédito de carbono já ocorre na Bolsa de Chicago e em
países como Canadá, República Checa, Dinamarca, França, Alemanha, Japão,
Holanda, Noruega e Suécia. Em 2005 também entrará em vigor o mercado regional
europeu, batizado de "European Union Emission Trading Scheme".
O Brasil deve se
beneficiar deste cenário como vendedor de créditos de carbono, e também como
alvo de investimentos em projetos engajados com a redução da emissão de gases
poluentes, como é o caso do biodiesel. Segundo estimativas do Banco Mundial, o
país poderá ter uma participação de 10% no mercado de MDL, equivalente a US$ 1,3
bilhões em 2007.
A Bolsa de
Mercadorias & Futuros (BM&F) e o Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio (MDIC) vão lançar o Mercado Brasileiro de Redução de
Emissões (MBRE), que entrará em funcionamento até o fim de 2005, e funcionará
como uma plataforma de negociação dos títulos emitidos por projetos que
promovam a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. A criação
do MBRE é uma iniciativa que visa profissionalizar a negociação, no mercado de
capitais, dos papéis oriundos dos projetos de MDL, trabalhando na elaboração de
um banco de projetos MDL no Brasil. Na prática, é mais um mercado de títulos
que será operado pela bolsa. Inicialmente, os papéis poderão ser negociados por
qualquer investidor que já compra ativos semelhantes no mercado de derivativos.
Portanto, os
benefícios gerados pela produção de biodiesel no Brasil podem ser convertidos
em vantagens econômicas, pelo acordo estabelecido no Protocolo de Kyoto e nas
diretrizes do MDL. O ganho decorrente da redução da emissão de CO2, por queimar
um combustível mais limpo, pode ser estimado em cerca de 2,5 toneladas de CO2
por tonelada de biodiesel. No mercado europeu, os créditos de carbono são
negociados por volta de US$ 9,25 por tonelada. Portanto, 348 mil toneladas de
biodiesel de mamona geram uma economia de 870 mil toneladas de CO2, podendo ser
comercializada por US$ 8 milhões.
Outra vantagem que
está sendo estudada é a absorção de carbono na atmosfera pela própria plantação
de mamona. Uma lavoura de 1 hectare de mamona pode absorver até 8 toneladas de
gás carbônico da atmosfera. Como para a substituição de 1% de diesel mineral
são necessários 348 mil toneladas de mamona, são ocupados 740 mil hectares
(conforme o item III.2). Ou seja, anualmente poderiam ser absorvidas mais 6
milhões de toneladas de carbono pela lavoura de mamona., o que poderia garantir
para o Brasil mais US$ 55,5 milhões pela substituição ao diesel mineral. Porém,
esse calculo não pode ser considerado, pois não existem garantias de que esse
tipo de seqüestro seja comercializável, dado ao curto ciclo de vida da planta
de mamona.
O
Mercado de Créditos de Carbono e a Agroenergia
Antecedentes
A concentração de CO2
atmosférico aumentou 31% nos últimos 250 anos (figura abaixo), atingindo,
provavelmente, o nível mais alto dos últimos 20 milhões de anos. Os valores
tendem a aumentar significativamente se as fontes emissoras de gases de efeito
estufa não forem controladas, como a queima de combustíveis fósseis e a
produção de cimento, responsáveis pela produção de cerca de 75% destes gases. A
mudança no uso da terra, como o desmatamento, também tem significativa
contribuição (25%).
O aquecimento global,
decorrente da emissão de gases de efeito estufa (GEE) por fontes antrópicas, é algo
que tem trazido grande preocupação à sociedade moderna, principalmente dentro
de cenários que configuram demanda crescente de energia, em maior parte de
natureza não-renovável, decorrente principalmente do crescimento populacional.
Mudanças climáticas podem resultar em externalidades negativas de diversa sorte
às gerações futuras.
A Figura 18 demonstra
como a região entre 30º. e 60º. de latitude norte, onde se localizam os países
de Primeiro Mundo, que são os maiores emissores de gases de efeito estufa.
Panorama atual do MDL
O MDL é o mecanismo
de flexibilização que oferece maior risco ao investidor, pelo alto grau de
incerteza e pela burocracia que existe até a efetiva aprovação dos projetos
pela ONU, além do alto custo de transação envolvido (em torno de US$ 100.000 a
150.000). Vale lembrar que alguns países de Anexo I, como a Islândia e a
Austrália, não referendaram o compromisso de redução (com possibilidade,
inclusive, de aumentar suas emissões no período de compromisso), e outros, como
a Rússia, que têm reduzido substancialmente suas emissões, e que podem lucrar
substancialmente com o comércio de permissões (allowances), as quais
representam créditos mais seguros e de maior valor comercial.
Estudos económicos
baseados em cenários futuros têm sido cada vez mais necessários para uma
compreensão de longo prazo. Atualmente, a tonelada de carbono dos projetos de
MDL é vendida em torno de US$ 5,00 a 6,00, para projetos que obedeçam todas as
premissas do Protocolo de Quioto. Entretanto, outras alternativas de
comercialização (iniciativas voluntárias) se apresentam, com regras mais
flexíveis, como a CCX (Chicago Climate Exchange - Bolsa do Clima de Chicago),
onde os preços para a tonelada são mais baixos (em torno de US$ 0,90). Com a
recente ratificação do Protocolo, a expectativa é que estes valores sofram
acréscimos ao longo do tempo.
Segundo estimativas
do Banco Mundial, os principais compradores de créditos entre janeiro de 2004 e
abril de 2005 foram o Japão (21%), a Holanda (16%), o Reino Unido (12%) e o
restante da União Europeia (32%). Em termos de oferta de créditos (volume),
considerando projetos de MDL e IC, a índia lidera o ranking, com 31%. O Brasil
possui 13% do "share", o restante da Ásia (inclusive China) 14% e o
restante da América Latina 22%. A participação da índia e do restante da Ásia é
expressiva por seus projetos de destruição do HFC23, gás cujo potencial de
aquecimento global é 11.700 vezes o do CO2.
Os projetos com
ênfase em melhoria de eficiência energética, biomassa, etc, muitas vezes
prevêem atividades para um período de 7 de 21 anos, muito embora o primeiro
período de compromisso do Protocolo seja de 2008 a 2012. Desta forma, é muito
difícil se determinar qual seria o potencial de projetos do mercado de créditos
de carbono. Como existe um alto grau de incerteza quanto às negociações para o
segundo período, optou-se por fazer uma estimativa apenas dentro do primeiro
período para o que seria o potencial de participação anual do Brasil e do
agronegócio neste mercado, conforme Tabela 16.
Estimativa do
potencial de participação anual do agronegócio brasileiro no mercado de
créditos de carbono para o primeiro período de compromisso do Protocolo de
Quioto (2008-2012).,
Existem, atualmente,
23 projetos de MDL oficialmente aprovados em todo o mundo, no âmbito da
Convenção. Destes, apenas 2 são brasileiros, ambos de queima de gases em
aterros sanitários, portanto, não vinculados ao agronegócio.
Particularidades do MDL
Os projetos, para
serem aprovados, devem atender ao pré-requisito da adicionalidade, o que
pressupõe que o projeto não seja a alternativa económica mais viável, ou seja,
fuja do "business-as-usual". Muitas vezes, os projetos que apresentam
argumentos que demonstram que estes só se viabilizam caso recebam o aporte de
recursos do MDL, têm sido preferidos.
Assim, além de uma
redução líquida de emissões significativa, existem outras exigências para que o
projeto seja considerado adicional, como uma classificação preliminar referente
à data do início de suas atividades, identificação de alternativas consistentes
com a legislação corrente e regulamentação local, análise de investimento,
análise de barreiras, análise de práticas comuns e impacto do registro como
MDL.
Sob a ótica do
desenvolvimento sustentável, no caso do Brasil, a Resolução n° 1 da Comissão
Interministerial de Mudança do Clima determina que os projetos a ela submetidos
tragam substanciais benefícios ambientais e sociais, garantindo a geração de
emprego e renda.
A metodologia a ser
utilizada para desenvolvimento, monitoramento e verificação precisa estar
previamente avaliada, aprovada e registrada pelo Comité Executivo do MDL. Isto
visa garantir que os projetos sejam desenvolvidos obedecendo tal metodologia,
reconhecida previamente pelo Painel Metodológico da ONU.
Para tanto, o projeto
deve mostrar que muda toda uma realidade, baseado em cenários de tendências
caso este não se implante, o que também é chamado de "linha de base".
Uma das principais dificuldades existentes é a falta de pesquisas que
subsidiem, tecnicamente, tais linhas de base, e que possibilitem a aprovação de
metodologias, necessárias ao desenvolvimento dos projetos.
Outra grande
limitação é o custo de transação dos projetos, cujo valor mínimo gira em torno
de US$ 150 mil. Na tentativa de viabilizar o acesso a proponentes de baixa
renda, ou mesmo fomentar projetos de menor volume de RCE (Redução Certificada
de Emissões), foi aprovada, no âmbito da Convenção, uma modalidade diferenciada
para contemplar projetos de pequena escala, com exigências e metodologias
simplificadas, no intuito de reduzir os custos de transação, de forma a
incentivar o envolvimento de pequenos empresários, através de arranjos
associativistas.
No Brasil, o MDIC, em
parceria com a BM&F e subsidiado pela FGV criou o Mercado Brasileiro de
Redução de Emissões. A ideia básica é a de organizar o mercado primário, por
meio de um banco de projetos, com sistema de registro, armazenamento e
classificação dos mesmos. Isto terá implicações interessantes, como a redução
dos custos de transação, conferindo maior visibilidade para os investidores,
auxiliando inclusive na identificação destes no mercado por parte dos
proponentes.
Oportunidades para a
agroenergia
Uma das grandes
oportunidades para a agroenergia é a geração de energia a partir de resíduos ou
co-produtos. Os projetos de co-geração a partir do bagaço da cana, por exemplo,
geram créditos e estão sendo implementados. Por ter metodologia já aprovada,
espera-se que um grande número de projetos sejam apresentados. Isto abre margem
para outras oportunidades, como o aproveitamento de palha de arroz, resíduos da
indústria madeireira, entre outros.
Apesar da limitação
quanto ao mercado para sequestro de carbono, as atividades florestais podem se
beneficiar de créditos pela substituição de fontes de energia fóssil (carvão
mineral) por fonte de energia renovável (carvão vegetal) em siderurgias. Outra
possibilidade seria o uso dos resíduos de serrarias para geração de energia por
biomassa, já que a eficiência do aproveitamento da madeira é de cerca de 50%.
O manejo de dejetos
animais, para aproveitamento do gás metano para geração de energia, é uma
atividade com grande potencial, especialmente por já existir metodologia
aprovada. Alguns projetosjã estão sendo implementados, com destaque para o
projeto de granja Becker(MG) e da Sadia, em análise pela Comissão
Interministerial, que deverão servir como piloto, beneficiando diretamente os
produtores rurais.
Por se apresentar
como um programa de governo, que tem uma série de barreiras técnicas e de
viabilidade económica a serem transpostas, o biodiesel possui grande potencial,
especialmente quando se pensa em substituição de fonte energética. Outro fator
positivo são os benefícios sociais, amplamente contemplada neste programa.
Oportunidades indiretas, decorrentes das exigências do Protocolo de Quioto, devem ser também consideradas. A exemplo disso, o Japão, em um esforço para reduzir suas emissões, autorizou a mistura de 3% de álcool em sua gasolina, o que abre um mercado grande às exportações brasileiras de etanol.
Reduções de emissões de GEE
Oportunidades indiretas, decorrentes das exigências do Protocolo de Quioto, devem ser também consideradas. A exemplo disso, o Japão, em um esforço para reduzir suas emissões, autorizou a mistura de 3% de álcool em sua gasolina, o que abre um mercado grande às exportações brasileiras de etanol.
Reduções de emissões de GEE
A Figura 19 apresenta,
de forma esquemática, o efeito estufa natural, que pode ser acirrado com a
emissão desenfreada de GEE.
O uso da biomassa
para sequestro de carbono é ponto pacífico, sendo que o IPCC estima que entre
60 e 87 bilhões de toneladas de carbono poderão ser estocadas em florestas,
entre 1990 e 2050, equivalendo a 12-15% das emissões por combustíveis fósseis,
no mesmo período. Para que a biomassa possa, efetivamente, atender as
expectativas de mitigar os impactos dos combustíveis fósseis no ambiente,
algumas condições necessitam ser preenchidas, como:
a. Produção sustentável de matéria prima e uso dos recursos energéticos de forma a resultar em uma produção neutra de CO2;
b. Sequestro e fixação do carbono por longos períodos, inclusive após a vida útil do vegetal (ex. produção de móveis de madeira);
c. substituição direta de combustíveis fósseis, como é o caso do etanol e dos biocombustíveis derivados de óleos vegetais.
a. Produção sustentável de matéria prima e uso dos recursos energéticos de forma a resultar em uma produção neutra de CO2;
b. Sequestro e fixação do carbono por longos períodos, inclusive após a vida útil do vegetal (ex. produção de móveis de madeira);
c. substituição direta de combustíveis fósseis, como é o caso do etanol e dos biocombustíveis derivados de óleos vegetais.
É sempre importante
ter em mente o conceito de gases de efeito estufa (GEE), do qual o CO2 é apenas
o paradigma do índice de medição de emissões. Outros gases, como o metano e o
anidrido sulfuroso são extremamente perniciosos, enquanto poluidores
atmosféricos, constituindo-se em uma das vantagens do uso de biomassa a emissão
baixa ou nula destes gases.
Comparando as duas estratégias de redução do impacto das emissões de
GEE, o uso energético da biomassa é mais vantajoso que o sequestro e fixação,
pois:a. biocombustfveis e a biomassa energética em geral podem substituir, diretamente, os combustíveis fósseis;
b. há menos incerteza nas medições das contribuições da biomassa energética que no sequestro de carbono;
c. o custo de investimento é menor, pois o sequestro de carbono significa que, de alguma forma, a energia para a sociedade necessitará ser suprida;
d. a redução de emissões pela biomassa energética é definitiva, enquanto as florestas de sequestro, quando utilizadas para fins não permanentes, devolvem o CO2 à atmosfera;
e. os estudos disponíveis demonstram que, no longo prazo, o uso de biomassa energética é mais eficiente no uso da terra que as florestas para sequestro de carbono.
Conseguir
precificar a redução de CO2 com o alto grau de pureza do minério de Carajás será conseguido.
Mas a
derrubada da mata milenar e a morte de milhares de animais também precisam ser precificados para obtermos o real
valor do mineiro retirado do subsolo da maior floresta tropical do mundo.
Precificar as vidas cedidas, a poluição dos mananciais, a
destruição de todos os traços arqueológicos
farão de todos nós brasileiros e do produto VALE entidades melhores e trarão
mais respeito ao nosso pais.
Somos a
EXCLUSIVA, a primeira consultoria ON DEMAND da região do Projeto Carajás e somos
especialistas em CUSTOS VALE.
Não conseguimos ser ouvidos. Procuramos
cotidianamente os 9,7 bilhões de dólares de exportações feitos por Parauapebas.
O Brasil não conhece este Brasil daqui. Amamos a VALE e ela precisa obter
preços melhores por seus produtos, assim poderá cobrir o imenso passivo social
que ha décadas esta gerando nestas terras de ninguém - sul do Pará.
Saiba mais,
acesse nossosservicos1.blogspot.com - arcadiapbs.blogspot.com ou 94 33463559 -
PAULO. Comentário em VALOR ECONOMICO WWW.brasileconomico.com.br/noticias/vale quero usar créditos
de carbono.
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